06/05/2025 - “O Boletim Focus desta semana – quando o Copom irá reunir-se nesta terça e na quarta-feira (06/05 e 07/05) para deliberar sobre a Selic – publica uma notícia ruim e outra péssima sobre as expectativas do mercado: a primeira é que a estimativa para a taxa no fim de 2025 caiu de 15% para 14,75%, índice ainda exagerado; a segunda é que haverá agora aumento de 0,5 ponto percentual. Ou seja, continuaremos com uns dos juros reais mais altos do mundo”, observa Rafael Cervone, presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) e primeiro vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
A sua avaliação expressa o desalento do setor produtivo diante de uma política monetária que, em vez de impulsionar a economia, parece freá-la de maneira sistemática. Persistentes taxas elevadas impõem um alto custo ao crédito, travando investimentos, desestimulando o consumo e comprometendo a capacidade das empresas de inovar, crescer e gerar empregos.
O efeito dominó é imediato: menos investimento significa menos postos de trabalho, menor renda, menos consumo e mais dificuldades para a indústria retomar seu protagonismo no desenvolvimento do País”, pondera.
Para Cervone, essa lógica perversa impacta todas as cadeias de valor. Empresas reduzem seus planos de expansão e modernização. O comércio vende menos. O emprego formal encolhe. O poder de compra das famílias diminui. Nesse cenário, persiste um ciclo vicioso que impede a expansão mais robusta do PIB.
Juros altos criam uma espécie de labirinto em que a economia brasileira anda em círculos, sem encontrar a saída do crescimento sustentável”, salienta.
Além das consequências diretas sobre o setor privado, os juros elevados têm impacto profundo sobre as contas públicas. O custo do serviço da dívida aumenta, pressionando o orçamento federal e reduzindo o espaço para investimentos em infraestrutura, educação e inovação. Sem confiança e previsibilidade, investidores recuam e o País perde fôlego para competir internacionalmente.
A falta de equilíbrio entre a política fiscal e a monetária agrava ainda mais a situação. De um lado, o esforço para conter a inflação por meio do aumento da Selic; de outro, uma estrutura fiscal desequilibrada, que drena recursos e compromete a capacidade do Estado de induzir o crescimento.
Para o setor produtivo, esse descompasso é fonte de incerteza”, alerta Cervone, concluindo: “A insistência em uma estratégia que penaliza o crédito e encarece o capital está causando danos à economia brasileira e retardando nosso processo de desenvolvimento”.