23/01/2025 - A valorização das soft skills (habilidades comportamentais), a ampliação do uso da Inteligência Artificial e a alta demanda por serviços de TI são alguns dos destaques feitos por Rafael Cervone, presidente do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), durante a palestra “Macrotendências Mundiais até 2040”, ministrada nesta quinta (23), em São Paulo, durante o X Fórum de Aprendizagem Transformadora. O evento foi promovido pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e reuniu cerca de mil docentes.
Cervone abriu o painel “Macrotendências e Desafios para a Educação Superior”, do qual também fez parte o colunista do UOL e professor especializado em tecnologia Diego Cortiz. Durante sua apresentação, Cervone chamou a atenção para vários fatores que já têm afetado o mercado de trabalho, como o déficit estimado de 400 mil profissionais de TI no estado de São Paulo.
Segundo Cervone ainda, a forte concorrência internacional por mão de obra qualificada, a automação do trabalho, o trabalho híbrido como benefício, mudanças mais frequentes de carreira e as novas oportunidades são outras tendências para o mercado.
Hoje, os profissionais de TI estão recebendo ofertas de trabalho remoto de empresas dos EUA, Canadá, Europa, países árabes e Austrália. Eles recebem em criptomoedas não rastreadas, por um lado e, por outro, não têm benefícios, tema que temos discutido, inclusive, na OIT (Organização Internacional do Trabalho)”, disse Cervone.
Ele avalia ainda que a Inteligência Artificial irá impactar na produtividade, com ferramentas, como chat GPT, eliminando algumas profissões e criando outras.
Outro ponto para o qual ele chama a atenção é o de que as novas gerações valorizam uma melhor compreensão sobre o sentido do trabalho e só conseguem se interessar e se dedicar a trabalhos “que façam sentido” para elas. Em relação ao ensino, ele afirmou que haverá o crescimento da educação a distância e que o ensino tradicional será complementado com a aprendizagem constante.
Habilidades
Sobre as soft skills, o presidente do Ciesp, que é empresário do ramo têxtil e que, como presidente do Ciesp representa cerca de 8 mil empresas paulistas, frisou que este tem sido o grande diferencial dos currículos que chegam às suas mãos e que têm mais chance de contratação.
Eu leio o currículo, mas olho, principalmente as soft skills, pois a falta de habilidades comportamentais é um dos maiores problemas, hoje, dentro das empresas e tomam um tempo enorme”, disse Cervone.
Na sequência do painel, Cortiz, que além de ser professor se dedica a temas como inovação, cultura digital e ciência cognitiva, apresentou uma lista das habilidades que serão mais valorizadas até 2030, de acordo com o Fórum Econômico Mundial:
- domínio de ferramentas de Inteligência Artificial e big data;
- Rede de contatos e conhecimentos de cibersegurança;
- Habilidade para usar tecnologias digitais (technological literacy);
- Pensamento inovador;
- Resiliência, flexibilidade e agilidade;
- Curiosidade e aprendizagem contínua;
- Liderança e influência social;
- Gestão de talentos;
- Pensamento analítico e responsabilidade ambiental.
Ele ainda chamou a atenção para o fato de que o percentual de trabalhos realizados integralmente por humanos cairá de 47% para 33%, enquanto trabalhos feitos integralmente por máquinas passarão de 22% para 34%.
Ao final, após uma sessão de perguntas, tanto Cervone quanto Cortiz concordaram que as mudanças no comportamento humano deverão ser o fator que mais trará impactos para a sociedade e para a educação nos próximos anos. O Fórum promovido pela Mackenzie termina nesta sexta (24).