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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) explorou o grande volume de processos judiciais no país junto do presidente em exercício do Ciesp, Francesconi Júnior, e também fez um balanço da trajetória à frente da Corte

07/10/2025 – O Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, participou na última terça-feira (07) do 1º Seminário Judiciário e Sociedade, realizado na sede do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo, o Ciesp. Durante sua palestra, Barroso destacou o papel importante que a indústria desempenha no país.

O ex-presidente do STF citou que a forte industrialização do Brasil proporcionou um grande desenvolvimento econômico durante o século XX. Segundo ele, a economia nacional se desenvolveu em média cerca de 5,5% ao ano entre 1900 e 1980, resultando em um dos maiores crescimentos no mundo durante o período. No entanto, entre 2002 e 2022, essa taxa caiu para 2,2% ao ano, impactada pela diminuição da industrialização no país.

Barroso ressaltou a importância do crescimento sustentável com a indústria forte e fez um apelo para o aumento dos investimentos no setor, para que o Brasil consiga retomar o caminho de expansão econômica, de grande importância para o desenvolvimento nacional.

O que faz a diferença no crescimento do país é verdadeiramente a produção industrial e nós, portanto, precisamos reforçar com investimento em tecnologia e em outras áreas”, afirmou o Ministro.

Preocupações com as judicializações

Outro ponto abordado durante o seminário foi o grande número de judicializações em andamento no Brasil, com mais de 80 milhões de processos em curso no país, de acordo com dados do STF de dezembro de 2024. Segundo dados citados por Barroso, o país chegou a bater o recorde da judicializações, com quase 40 milhões de novos processos no último ano.

O presidente em exercício do Ciesp, Francesconi Junior, admitiu preocupação com a judicialização excessiva e explicou que essa alta aumenta o custo de se empreender, traz instabilidade econômica e impacta negativamente os investimentos no país.

O Brasil é hoje um dos países mais judicializados do mundo. Embora por vezes, isso seja fruto de um legítimo acesso à justiça, tem um impacto significativo para a economia, para a gestão pública e, infelizmente, para a própria segurança jurídica”, disse Francesconi.

Barroso admitiu que houve uma redução no volume dos processos, mas reconheceu que a imensa judicialização é um fator de grande impacto no país. De acordo com o ministro, o judiciário conseguiu reduzir em mais de 44 milhões o número de processos, com grande produtividade e diminuiu bastante a duração deles, com a média de tempo caindo de dois anos para um e meio. “Ainda não é o ideal, mas já é bastante razoável comparado à estatística mundial”, observou.

Por fim, Barroso explicou que a grande judicialização no Brasil é “quantitativa e qualitativa”, se referindo tanto ao alto volume de processos pendentes no país quanto à relevância das pautas que são julgadas pelo STF: “Toda a vida brasileira hoje em alguma medida passa pelo Poder Judiciário ou pelo Supremo Tribunal Federal”, concluiu o Ministro.

Trajetória pelo Supremo

No fim de setembro, Luís Roberto Barroso foi sucedido por Edson Fachin na presidência do Supremo Tribunal Federal. O ministro ficou à frente da Corte durante o biênio de 2023 a 2025, além de também ter presidido o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) no mesmo período.

Barroso aproveitou sua palestra para também realizar um balanço da sua trajetória no cargo, citando diversos temas abordados pelo judiciário nos últimos anos e avaliando o papel de protagonismo que o STF no país. Ele também desejou por uma redistribuição de espaços institucionais no Brasil.