28/08/2025 - Implementar de forma eficaz a reforma tributária, revisar regras do Arcabouço Fiscal, auditar salários do funcionalismo público e reformar a previdência da categoria são algumas das medidas sugeridas pelo Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) para a redução do Custo Brasil. O tema foi abordado durante uma apresentação do presidente da entidade, Rafael Cervone, no 8º Encontro de Economia do Sudeste, que aconteceu na manhã desta quinta (28/08) e foi organizado pelo Conselho Regional de Economia de São Paulo (Corecon-SP).
O tema do evento nesta edição foi “Pensando um Projeto de País” e Cervone participou do Painel “O papel do estado, do setor privado e fontes de financiamento”, ao lado de Marília Marcatto, assessora da presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES) e professora do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Segundo o presidente do Ciesp, o Custo Brasil agrava o déficit tecnológico deixando uma lacuna de US$ 1,1 trilhão nos investimentos em inovação. Isso acontece, segundo ele, porque o Custo Brasil leva à perda de mercado e à redução de margens, o que impacta negativamente sobre os investimentos e reduz a produtividade, levando à desindustrialização.
Custo Brasil
O termo Custo Brasil se refere ao conjunto de dificuldades e de custos adicionais que as empresas, tanto nacionais quanto estrangeiras, enfrentam ao fazer negócios no Brasil. Durante sua apresentação, o presidente do Ciesp defendeu ainda como medidas importantes para reduzir o Custo Brasil o monitoramento de alíquotas de referência, uniformizar a interpretação e aplicação das legislações e priorizar despesas com saúde e educação com reajuste pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).
Hoje a diferença entre produzir no Brasil e produzir nos países da OCDE [Organização para Cooperação e o Desenvolvimento Econômico], que são comparáveis a nós, alcança a faixa de R$ 1,7 trilhão. Nós precisamos resolver essas questões que se arrastam há décadas. O Brasil precisa priorizar isso e parar de empurrar com a barriga esses problemas estruturais”, disse Cervone.
Para ele, são ainda necessárias políticas perenes, de longo prazo, que tragam previsibilidade e segurança jurídica às empresas para que elas possam "se programar”. Incentivar a inovação e a mudança de mentalidade também são ações importantes para proporcionar competitividade às empresas brasileiras.
Linhas de Financiamento
A assessora da presidência do BNDES, Marília Marcatto, expôs as linhas de financiamento do banco para o setor industrial. Segundo ela, a indústria continua liderando em 2025 as operações do banco. Marília também destacou que houve o que ela chama de “explosão de apoio” aos projetos de inovação.
Se a gente comparar, em 2024, em relação a 2022, houve 497% a mais [de recursos usados para financiamento], disse Marília.
O presidente do Corecon-SP, Odilon Guedes Pinto Júnior, considerou o painel “excelente” por ter trazido informações relevantes sobre as linhas de financiamento e, ao mesmo tempo, dados relevantes sobre o setor. Ele lembrou ainda que muitos países desenvolvidos, como Inglaterra e Estados Unidos, sempre ofereceram linhas de crédito subsidiadas para a indústria.
A indústria é fundamental para o desenvolvimento de qualquer país no mundo. Isso é o que garante a sua autonomia e a não dependência de outros países. A indústria é uma questão, no fundo, de segurança nacional”, disse Odilon.