07/08/2025 – O presidente do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) e 1º vice-presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Rafael Cervone, firmou um acordo de cooperação técnica com a Polícia Federal (PF) para a troca de informações, visando a prevenção de crimes de alta tecnologia. O documento, que foi apresentado nesta terça-feira (05/08), durante o VII Congresso de Segurança Cibernética, Proteção de Dados e Governança de IA, também foi assinado pelo diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues.
Em seu discurso, Cervone destacou que a parceria representa um passo fundamental para que o setor industrial paulista esteja mais preparado diante dos riscos do mundo digital. Segundo ele, o objetivo é estabelecer um ambiente seguro, imparcial e juridicamente respaldado para que as empresas possam compartilhar dados e informações estratégicas com total garantia de confidencialidade.
A assinatura desse acordo é realmente uma iniciativa pioneira, inédita e irá fortalecer muito a nossa segurança digital no setor produtivo, especialmente em uma nova indústria 4.0. Com esse instrumento, nós queremos promover o intercâmbio de informações sobre ameaças cibernéticas, além de estimular a pesquisa e desenvolvimento de soluções de segurança digital com foco na prevenção”, afirmou Cervone.
O presidente do Ciesp ainda citou dados alarmantes envolvendo segurança do ambiente digital. Apenas no Brasil, o número de crimes digitais aumentou 45% no último ano, resultando em mais de 5 milhões de fraudes e atingindo diretamente cerca de 80 milhões de brasileiros, com perdas financeiras estimadas em mais de R$ 40 bilhões. Segundo dados recentes do Senado e da Brascom, o custo total dos crimes cibernéticos no país já ultrapassa R$ 1,5 trilhão.
Parceira com a Polícia Federal
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, reafirmou o compromisso da instituição no combate à criminalidade organizada na área cibernética e destacou que a parceria fortalece as ações de prevenção.
Depois que o crime acontece, o prejuízo já está estabelecido e todos os danos, a gente corre atrás. Então um dos grandes vetores e fundamento dessa parceria é a prevenção e, para fazer isso, nós precisamos ter, de fato, essa plena troca com todas as entidades”, explicou Rodrigues.
Andrei também celebrou a cooperação entre o setor público e o privado, apontando como parte fundamental para a obtenção de informações. Quem também abordou a colaboração entre os setores foi Valdecy Urquiza, Secretário-Geral da Interpol, que participou da abertura do evento remotamente.
Este exercício tem servido para formar um grande grupo de parceiros, uma grande energia de solidariedade e o Brasil tem que consolidar para fazer face aos riscos cada vez maiores de ataques cibernéticos”, definiu Valdecy.
Ele também destacou o papel da Inteligência Artificial, ressaltando a importância da ferramenta na atualidade.
Outro ponto abordado durante o Congresso foi a desigualdade cibernética entre as grandes e pequenas empresas. André Molina, Secretário de Informação e Cibernética da Presidência da República, falou sobre o cenário atual em que instituições menores acabam ficando para trás ao buscar serviços de cibersegurança.
A desigualdade cibernética mostra o distanciamento crescente que está ocorrendo entre pequenas e médias organizações em relação às grandes. As grandes têm condições de colocar recursos e pessoas, enquanto as pequenas estão ficando para trás. Profissionais estão ficando escassos e a complexidade do ambiente tecnológico está cada vez maior”, afirmou Molina.
Pesquisa sobre Cibersegurança na Indústria
O diretor adjunto do Departamento de Defesa e Segurança da Fiesp, Rony Vainzof, promoveu o lançamento da Pesquisa de Maturidade da Indústria em Cibersegurança, Proteção de Dados e Governança de IA. Ela foi desenvolvida com base em 300 empresas pesquisadas, entre micro, pequenas, médias e grandes.
Dentre os insights apresentados, foram divulgados dados que chamam a atenção sobre a segurança digital: 41,2% das empresas não possuem qualquer estrutura de cibersegurança, enquanto 23,5% a enxergam como uma obrigação que não traz benefícios para o negócio. No entanto, a prioridade varia conforme os rendimentos das empresas. Dentre aquelas cujo faturamento é de até R$ 1 milhão, 17,2% consideram cibersegurança como uma prioridade estratégica, enquanto a porcentagem é de 80% entre aquelas com faturamento superior a R$ 1 bi.
A pesquisa também abordou a baixa atenção das empresas com a governança ética e responsável de inteligência artificial. Entre as pequenas e médias, somente 4,4% implementaram medidas de governança de IA. Outro dado alarmante é a baixa adesão à ferramenta, com 39,4% das pequenas e médias sequer utilizando inteligência artificial (entre as grandes, a taxa é de 16,7%).
Esse número preocupa. Hoje em dia, a IA, como qualquer outra tecnologia de propósito geral, já está embarcada em absolutamente todos os tipos de soluções tecnológicas ou na maioria delas”, alerta Vainzof.