13/05/2025 - Durante o Fórum Mundial de Economia Circular na manhã desta terça (13), em São Paulo, o presidente do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), Rafael Cervone, disse que “cooperação” é palavra-chave para fortalecer o modelo de produção e consumo que busca manter os recursos em uso pelo maior tempo possível. Realizado pela primeira vez na América Latina, o Fórum é encabeçado pelo Sitra (Fundo de Inovação Finlandês) e no Brasil foi feito em parceria com a CNI (Confederação Nacional da Indústria), Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial).
O evento contou com a presença do chefe de Gabinete da Vice-Presidência da República, Pedro Guerra, e com a ex-presidente da Finlândia Tarja Halonen. A jornalista Giuliana Morrone é a mestre de cerimônias e mediadora do evento.
Na abertura, Cervone ressaltou o trabalho das entidades paulistas da indústria com o tema da economia circular, destacando a realização de fóruns, a produção de uma cartilha em português e espanhol, além de projetos educativos com os jovens, como a Escola Móvel de Economia Circular do Senai-SP, que já percorreu 31 municípios e impactou cerca de 18 mil alunos.
Para Cervone, a temática da economia circular precisa ser cada vez mais incorporada pelos segmentos produtivos e a responsabilidade das entidades junto à indústria paulista é grande, visto que cerca de 30% do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil está no estado de São Paulo, gerando mais de três milhões de empregos.
O presidente do Ciesp destacou ainda que a transição para a economia circular requer investimentos significativos em novas tecnologias, em infraestrutura para a coleta, classificação e o processamento de materiais usados, além do redesenho de produtos e processos. Para ele, a palavra-chave para a economia circular é a cooperação e somente com união e boa vontade, será possível avançar para uma sociedade mais sustentável.
O vice-presidente da CNI e presidente da Fiero (Federação das Indústrias do Estado de Rondônia, Marcelo Thomé, disse que a indústria tem um papel essencial nessa transição por sua natureza, já que é um setor com elevada intensidade no uso de materiais e uma grande propulsora de transformações.
Ele destacou a participação na construção da Norma Internacional de Economia Circular, o engajamento na estratégia nacional de economia circular em diálogo com o governo e a sociedade e a criação da Sustainable Business Cop 30, iniciativa que reúne empresas brasileiras e internacionais em torno de uma agenda climática positiva e pragmática e que já tem um Grupo de Trabalho focado em economia circular e materiais.
Acreditamos que o setor produtivo será um dos principais catalisadores na transição para o modelo de desenvolvimento sustentável, mas é preciso reconhecer que ainda enfrentamos desafios importantes. De acordo com o Circularity Getting Report, o Índice Global de Circularidade permanece abaixo de 8%. Isso mostra que ainda temos um longo caminho a percorrer”, disse Thomé.
O diretor da entidade finlandesa, Kristo Lehtonen, disse que a economia circular representa “oportunidade” para os negócios e para as comunidades.
Estamos extraindo e consumindo mais materiais virgens do que nunca. A distância entre o que poderíamos alcançar e o que de fato fazemos só cresce. Essa lacuna é um chamado à ação”, afirmou o finlandês.
Barreiras
Os presidentes ainda citaram quais são as barreiras que hoje dificultam o avanço da economia circular no Brasil. Para Thomé, a elevada taxa de juros, que dificulta o acesso ao crédito, as soluções com preços muito elevados e a escassez de profissionais capacitados são grandes barreiras que exigem coordenação entre governos, setor produtivo, sistema financeiro e cooperação internacional.
Ele também citou o crédito acessível, o incentivo à inovação e modernização, os programas de capacitação profissional, as políticas públicas que facilitem a circularidade, a melhora da infraestrutura e novos arranjos produtivos como medidas propulsoras para a economia circular.
Cervone ressaltou que o custo das matérias-primas secundárias muitas vezes pode ser mais alto do que o dos materiais virgens, o que impacta na competitividade e na implantação das mudanças. Outro agravante, segundo ele, é a falta de financiamentos.
Há uma percepção de falta de financiamento acessível e de incentivos financeiros especificamente para as iniciativas circulares, tanto por parte do setor privado, quanto por parte dos planos de fomentos públicos”, pontuou Cervone.