Os incêndios que atingiram cerca de 5,2 mil propriedades rurais paulistas, causando prejuízos imensos para os produtores e numerosas empresas, inclusive industriais, inseridas em distintas cadeias de valor, provocam uma análise mais ampla do poder público e da sociedade. O caráter criminoso de muitas das ocorrências, com suspeitos já presos, confirma o quanto o terrorismo está prejudicando o ambiente de negócios e o natural em nosso país, exigindo mobilização urgente dos governos estaduais, municipais e federal para conter a ação dos bandidos e das quadrilhas.
As mudanças climáticas também são “cúmplices” das queimadas, pois a seca prolongada não só as provoca, como potencializa os focos de fogo ateados de modo intencional. O aquecimento global, que colocou o Rio Grande do Sul embaixo d’água e fez arder o interior de São Paulo, são alertas muito claros de que não é mais possível postergar os compromissos dos países para conter a elevação da temperatura da Terra, no âmbito do Acordo de Paris.
No Ciesp e na Fiesp, estamos mobilizados no sentido de contribuir para que a indústria paulista seja cada vez mais sustentável, emita menos carbono e conviva em harmonia com a natureza.
Outro tema incandescente para o ambiente de negócios é a desoneração da folha de pagamentos de 17 setores de atividade, a maioria deles do setor industrial. Depois de tantas postergações e judicialização do tema por parte do governo, finalmente o Senado aprovou o projeto de lei que, em tese, deveria contemplar o acordo sobre a questão entre Executivo e Legislativo.
Porém, o texto votado está longe do ideal. Como se não bastasse a reoneração a partir de 2025, as empresas terão de assinar termo de compromisso de manter um índice do quadro de colaboradores, independente das performances deles, para fazer jus à redução da contribuição previdenciária patronal, que irá aumentando paulatinamente até 2027. Esperamos que a Câmara dos Deputados, onde a matéria passa a tramitar, corrija esse aspecto da proporcionalidade de empregados.
E, mais do que isso, é fundamental que se encontre solução estrutural e definitiva para reduzir os custos trabalhistas no Brasil, um dos mais elevados do mundo e corrosivos de nossa competitividade.
Num país com tantos desafios para quem empreende e trabalha, a saúde mental no universo das empresas é um fator de extrema relevância. Precisamos cuidar cada vez mais e melhor das pessoas e de suas condições psicoemocionais, lembrando sempre que o ser humano é o principal objetivo de toda atividade. O maior patrimônio de nossas empresas.
Os temas que analisei aqui, entrelaçados no contexto do meio ambiente e o de negócios, são abordados na newsletter que capeia o Portal do Ciesp esta semana.
Informação de qualidade contribui para encontrarmos caminhos e avançarmos na meta de construir uma indústria cada vez mais forte e dinâmica.
Rafael Cervone - Presidente do CIESP e primeiro vice-presidente da FIESP