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Não se pode mais adiar o cumprimento do Acordo de Paris, que estabeleceu o compromisso de limitar a 1,5 grau Celsius o aumento da temperatura global em relação ao período pré-industrial.

O tornado que destruiu 90% da cidade de Rio Bonito do Iguaçu, no interior do Paraná, a apenas três dias do início da COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas), foi um triste e contundente recado aos líderes políticos e autoridades ambientais de todo o mundo reunidos no evento, em Belém do Pará: não se pode mais adiar o cumprimento do Acordo de Paris, que estabeleceu o compromisso de limitar a 1,5 grau Celsius o aumento da temperatura global em relação ao período pré-industrial.

Cumprir essa meta significa acelerar a transição energética, ampliar o uso de sistemas produtivos mais limpos, preservar os ecossistemas e biomas, promover o reúso da água, o tratamento de efluentes, a gestão adequada dos resíduos sólidos, o saneamento básico, a economia circular e as tecnologias capazes de reduzir emissões de carbono.

Todos têm responsabilidades nessa jornada de sobrevivência da civilização, a começar pelos governos, com políticas públicas eficazes e o desembolso financeiro das verbas com as quais se comprometeram para financiar o combate ao aquecimento terrestre. Às empresas e entidades de classe cabe a execução de boas práticas de produção e serviços sustentáveis. A sociedade civil e cada cidadão, com engajamento e consciência, também precisam fazer sua parte.

A indústria paulista está comprometida com esse movimento global. O Ciesp, por meio de seu Departamento de Desenvolvimento Sustentável, atua na busca de soluções para os principais desafios enfrentados pelas empresas associadas. Com ampla capilaridade em todo o Estado de São Paulo, as orienta sobre as normas e exigências da legislação ambiental, além de promover workshops e parcerias com instituições acadêmicas e organizações especializadas, sempre com foco em resultados práticos e eficiência.

Também temos difundido de modo amplo a governança ambiental, social e corporativa (ESG). Atender a esses princípios é cada vez mais decisivo para o equilíbrio ecológico do planeta e o sucesso das empresas, sua reputação, capacidade de atrair investimentos e empatia com consumidores e clientes.

Ademais, por meio de suas 38 diretorias regionais e quatro distritais, o Ciesp apoia a Jornada de Descarbonização, iniciativa da Fiesp, do Senai-SP e do Sebrae-SP para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, um ganho ambiental com impacto também na competitividade das micro, pequenas e médias indústrias.O programa é gratuito para empresas com faturamento anual bruto de até R$ 8 milhões.

Em sua grande rede, nossa entidade também difunde a mensagem da sustentabilidade em todo o território paulista e a defende nos fóruns nacionais e internacionais dos quais participa, tanto no âmbito do poder público quanto no da sociedade civil.

Trabalhamos, ainda, pela adoção de políticas públicas que incentivem o fomento e a modernização da indústria, fatores indispensáveis para elevar a produtividade, promover a transição energética e consolidar uma produção mais limpa. Nesse sentido, o Ciesp e a Fiesp tiveram forte participação, por exemplo, no desenvolvimento de programas federais estratégicos, como a Nova Indústria Brasil (NIB) e Depreciação Acelerada, que contribuem para renovar a base produtiva nacional e impulsionar investimentos sustentáveis.

Embasados por nosso forte engajamento na agenda do clima, entendemos que, ao sediar a COP30, o Brasil reafirma seu papel como protagonista do desenvolvimento sustentável. Nosso país conta com uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, além de recursos estratégicos como nióbio, ferro, terras raras, grande reserva hídrica e biodiversidade e uma base industrial diversificada. Esse imenso e precioso patrimônio precisa ser valorizado e mais bem-aproveitado.

Mesmo diante de entraves históricos que afetam a competitividade, como tributação elevada, burocracia excessiva, crédito oneroso, energia cara e gargalos logísticos, os setores produtivos nacionais, com resiliência e responsabilidade, precisam seguir engajados na causa da sustentabilidade. É o que temos feito nas entidades representativas da indústria paulista.

Assim, o Ciesp continuará cobrando, em todas as instâncias, a mobilização em favor da agenda do clima. Que os participantes da COP30, inspirados pela exuberante natureza amazônica que os acolhe, saiam do evento com a firme disposição de fazer cumprir de modo integral o Acordo de Paris. Este tratado completa dez anos em 2025, desde sua assinatura na COP21, na capital francesa. Agora, o planeta não pode esperar nem 10 dias...


 
*Rafael Cervone é o presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) e primeiro vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).