Será um governo de alta intensidade em relação às reformas, afirma Haddad, na Fiesp - CIESP

Será um governo de alta intensidade em relação às reformas, afirma Haddad, na Fiesp

Alex de Souza, Agência Indusnet Fiesp

O presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, recebeu o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na manhã de segunda-feira (30/1), para reunião, seguida de almoço, com diretores, presidentes de sindicato e conselheiros da entidade. Participou do encontro o presidente do Ciesp, Rafael Cervone.

“Precisamos ter visão estratégica de crescimento”, afirmou Haddad aos empresários, pontuando a importância da reindustrialização do país. O ministro, que estava acompanhado do secretário-executivo, Gabriel Galípolo, citou três eixos fundamentais de atuação: a questão fiscal, de crédito e regulatória.

Esses itens convergem com pontos defendidos por Josué. Ao abrir o encontro, o presidente da Fiesp lembrou que a indústria de transformação sempre foi a locomotiva do crescimento brasileiro, especialmente entre 1940 até o fim da década de 1980. “Nas últimas quatro décadas a indústria de transformação vem perdendo espaço na economia. O Brasil criou condições extremamente inóspitas para o desenvolvimento da atividade da indústria de transformação”, afirmou.

Entre as condições adversas citadas pelo presidente da Fiesp estão a estrutura tributária, que pune a produção e retira da indústria de transformação a capacidade de investir, e o grande custo do capital, por conta das altas taxas de juros e do elevado spread bancário.

“A indústria de transformação traz o maior multiplicador econômico, porque aplica dois terços do investimento em pesquisa e desenvolvimento no Brasil, paga os melhores salários, e seu crescimento ajudará a resolver os problemas sociais. A indústria trará em dobro qualquer perda da arrecadação que possa existir, porque vai corresponder ao aumento da produtividade e geração de empregos”, destacou.

Em sua exposição, Haddad afirmou que este governo será de alta intensidade em relação às reformas. O ministro defendeu a aprovação de uma Reforma Tributária e a adoção de um novo arcabouço fiscal, medida que deverá ser endereçada ainda no primeiro semestre. A Reforma Tributária, segundo ele, já tem a anuência dos 27 governadores e terá atenção do Congresso logo após a eleição das mesas diretoras das casas, marcada para esta semana.

Em relação ao crédito e à agenda regulatória, ele disse que havia se reunido mais cedo com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e que várias iniciativas para melhorar o ambiente de negócios que estavam paralisadas serão desengavetadas agora. “O PIX será um instrumento de crédito. Isso está na agenda do Banco Central e deve sair no meio do ano”, disse o ministro, lembrando que há 70 milhões de CPFs negativados no país.

Haddad afirmou ainda que a reindustrialização deverá se dar com base na energia limpa e na descarbonização da economia, pontos também defendidos pela Fiesp. Segundo ele, o Brasil está bem posicionado em relação ao mundo porque tem uma matriz energética limpa e possibilidade de ampliar seu uso, seja na produção de hidrogênio verde, de energia eólica, de energia solar ou biomassa. “Sou um entusiasta da agenda de reindustrialização e acredito que a crise da mudança climática pode nos oferecer um caminho de desenvolvimento muito interessante”, disse.

O ministro defendeu ainda a necessidade de recuperar investimentos em Ciência e Tecnologia e avançar no que ele classificou como maior gargalo da educação brasileira: o Ensino Médio. “Evoluímos no Ensino Infantil e Fundamental, democratizamos o acesso ao Ensino Superior, mas o elo frágil desse ciclo continua sendo o Ensino Médio. No mundo inteiro existe foco nessa etapa, pois cuidar da juventude vai garantir a força de trabalhado para o país”, afirmou o ministro, para quem é preciso incentivar o ensino profissionalizante nesta etapa educacional.

A formação de mão de obra é um assunto prioritário para a Fiesp. Na reunião, Josué afirmou que, por meio do Senai-SP, foram ofertadas ao governo do estado de São Paulo dez mil vagas para o Ensino Médio no quinto itinerário formativo, que é o profissionalizante. Além disso, para atacar o gargalo existente na área de tecnologia, Josué informou que o Senai-SP disponibilizará, até o fim de 2025, 270 mil vagas gratuitas em parceria com gigantes do setor, como Google, Oracle e Microsoft. Em 2022, primeiro ano da parceria, cerca de 60 mil vagas foram ofertadas.

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participou de reunião com empresários liderada pelo presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva. Foto: Ayrton Vignola/Fiesp

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participou de reunião com empresários liderada pelo presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva. Foto: Ayrton Vignola/Fiesp