Rodrigo Garcia defende novo pacto federativo - CIESP

Rodrigo Garcia defende novo pacto federativo

Alex de Souza, Agência Indusnet Fiesp

A terceira rodada de encontros com os candidatos ao governo paulista realizada na manhã desta sexta-feira (19/8) teve a participação do governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), que busca a reeleição. Ele foi recebido pelo presidente da Fiesp e 1º vice-presidente do Ciesp, Josué Gomes da Silva, de quem recebeu elogios por sua atenção aos pleitos dos setores produtivos. “Ele está comprometido com a indústria e avaliando com grande interesse a nossa proposta de constituição de um conselho de desenvolvimento industrial e tecnológico no Estado de São Paulo”, disse Josué.

O presidente também fez menção ao acolhimento recebido em relação a projetos conjuntos na área de educação, uma vez que o tema é uma das prioridades desta gestão. “Entendemos que educação já era uma prioridade nacional. Mas depois da pandemia se tornou emergência nacional”, alertou.

Durante sua exposição a empresários da Fiesp e do Ciesp, o candidato tucano declarou a intenção de completar o processo de municipalização do Ensino Fundamental I no estado. “Nós vamos passar o Fundamental I para as prefeituras, o que custa muito dinheiro, mas é um investimento que vale a pena. Eles fazem isso melhor do que o estado”, disse Garcia.

A proposta do atual governador é ampliar a carga horária do Ensino Fundamental II, passando toda a rede para o tempo integral, e realizar parceiras com o setor privado para inserir o Ensino Médio no quinto itinerário formativo. “O grande desafio é aumentar a qualidade em larga escala nas mais de 5.000 unidades educacionais que temos”, disse.

Garcia enalteceu a elevação do piso dos professores para R$ 5 mil, os resultados no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), mas disse que é preciso mais. “Além de salários mais altos, precisamos melhorar a formação e atrair mais profissionais para a docência, e estamos voltados a enfrentar esse desafio. No Ensino Médio, queremos fazer parcerias com o ensino privado, para que todas as escolas tenham o padrão das Escolas Técnicas Estaduais, as Etecs. Queremos aumentar a oportunidade desses alunos e o ensino privado vai nos ajudar a ofertar vagas de escolas técnicas”.

Fotos: Ayrton Vignola/Fiesp

Outra questão abordada pelo governador foi a do pacto federativo, para o qual defende uma revisão, de modo a se tornar menos oneroso para São Paulo e aumentar a competitividade. “Mão de obra qualificada, inovação, tecnologia, mercado consumidor, tudo isso São Paulo tem. Mas precisamos rever a legislação”, disse Garcia, que é favorável à adoção de um Imposto sobre Valor Agregado (IVA) e acredita no avanço da Reforma Tributária, principalmente em relação ao ICMS, no próximo ano.

“[Esta revisão] deverá acontecer independente do resultado da eleição nacional, pois é o único instrumento para o Brasil se organizar um pouco do ponto de vista tributário. O pacto feito lá atrás teve por objetivo distribuir riqueza e gerar competitividade nos estados. Trinta e quatro anos depois, em vez de gerar independência, desenvolvimento e competitividade, gerou estados dependentes de repasses da União, muitas vezes com dinheiro de São Paulo”, afirmou. “Essas questões precisam ser corrigidas. E a Reforma acabará com essa nefasta a guerra fiscal”.

Embora São Paulo tenha crescido cinco vezes mais que o Brasil nos últimos três anos, de acordo com o governador, há espaço para melhorar. “Temos uma lista enorme de coisas serem realizadas. Queremos criar um grande conselho de desenvolvimento em São Paulo, com participação das universidades e do setor produtivo”.

O emprego de novas tecnologias para obtenção de energia limpa foi enfatizado por Garcia, que entende ser necessário habilitar as inovações e compatibilizar com as que já existem aqui. “Temos a maior produção de açúcar e álcool do mundo. Temos um pré-sal nas lavouras paulistas. A Unicamp está desenvolvendo uma cédula de combustível que vai revolucionar a indústria automobilística em São Paulo”, disse.

O governador também citou os projetos e obras em andamento ou contratadas em diversas áreas e as iniciativas do setor privado na produção de biogás e gás metano. “Contratamos o maior volume de obras de infraestrutura da história do Estado. Cinco linhas de metrô sendo realizadas, todas em andamento, contratação em estradas com 11.500 km, o dobro do governo federal. Mas não podemos andar para trás”, alertou Garcia, ao referir-se ao pleito estadual.

“Temos um estado onde as coisas funcionam. Ele tem seus desafios, mas o primeiro grande desafio é não caminhar para trás com decisões erradas. Não podemos nos acomodar diante de coisas que deram certo, e a chance de que tudo funcione nos próximos quatro anos é ter um governo que esteja próximo da sociedade, do setor produtivo, e que saiba de dialogar e ouvir, não defendendo projeto de poder de partido ou de presidente da República”, declarou o candidato.

Rodrigo Garcia afirmou que será o governador que vai trazer a discussão da Reforma Tributária para o centro dos debates e atuar com veemência na defesa de tributação de impostos no consumo, e não na produção. “Vou defender isso porque sei que se o Brasil criar um ciclo de crescimento, São Paulo vai se beneficiar, nós que hoje contribuímos com 41% da arrecadação federal, cerca de R$ 716 bilhões”, contabilizou. “São Paulo não é apenas a locomotiva do Brasil, mas tem sido um trem de carga. O pacto federativo deve ser revisto”, reforçou.