Políticas atuais são insuficientes para combater mortalidade - CIESP

Políticas atuais são insuficientes para combater mortalidade

A mortalidade das micro e pequenas empresas está em queda no Brasil, mas os obstáculos para competir, principalmente, com os concorrentes chineses fazem com que o pequeno empreendedor não avance em produtividade e dinamização de seus negócios. Essas dificuldades são as maiores razões para que o índice de falência, que cai a 27%/ano, ainda esteja longe de chegar a um dígito.

Esse quadro foi bastante debatido no V Congresso da Micro e Pequena Indústria, realizado pela Fiesp e o Ciesp, nesta quinta-feira (14), em São Paulo. Durante a manhã, o assunto foi recorrente em todas as palestras acompanhadas por cerca de mil pessoas.

Para os debatedores do painel “Cenário e desafios da atual oportunidade de mercados das micro e pequenas empresas”, falta muita coisa para que as MPEs brasileiras alcancem um patamar de sobrevivência no mesmo nível dos países desenvolvidos.

Entre os obstáculos para a sobrevivência e crescimento das micro e pequenas estão:

· Falta de políticas públicas para o setor;
· Falta de gestão e capacitação;
· Baixa inserção a benefícios;
· Baixa capacidade de inovação tecnológica;
· Burocracia para abrir e fechar empresa;
· Grande distância entre mpes com universidades e centros de pesquisas;
· Alta carga tributária.

A preocupação com a difícil situação das micro e pequenas empresas fez com que o presidente da Fiesp/Ciesp, Paulo Skaf, apresentasse uma proposta de reajuste na faixa de enquadramento do Simples Nacional – hoje apenas empresas com até R$ 2,4 milhões de faturamento anual podem se beneficiar desse sistema – que, segundo ele, deveria estar no mínimo, acima de R$ 3 milhões, considerando só a inflação dos últimos quatro anos.

Skaf presidiu a cerimônia de abertura do Congresso. “No Mercosul, o enquadramento de uma micro e pequena empresa é de cerca de R$ 6 milhões. Estamos muito defasados nesse limite”, lembrou o líder industrial.

Realidade brasileira
“Enquanto comemoramos uma taxa de juros de 1% ao mês, nosso concorrente comemora taxa de 1% ao ano em seu país”, comparou o diretor-titular adjunto do Departamento da Micro, Pequena e Média Indústria (Dempi) da Fiesp, Marco Antonio dos Reis.

O dirigente entende que o Brasil é a “a bola da vez” em termos de crescimento econômico, mas que mantém algumas discrepâncias dentro deste cenário. “Neste contexto, aquele que importa mercadorias para o Brasil é o privilegiado, em detrimento do pequeno produtor brasileiro.”

Da mesma opinião compartilha o diretor do Dempi, Carlos Bittencourt, que fez críticas à falta de uma política mais consistente para o setor. Em sua visão, a realidade do pequeno empresário brasileiro não permite que ele ouse no número de contratações ou grandes investimentos. “Seu eu tivesse, como pequeno empresário, incentivos como carga tributária menor contrataria sem medo, mas hoje tenho que pensar vinte vezes e não duas antes de criar mais uma vaga em minha empresa”, refletiu.

Participante do painel, o presidente Nacional do Sebrae, Paulo Okamoto, sugeriu que os pequenos empresários concentrem mais foco na capacitação e no aprimoramento da gestão e na busca da inovação. Ele defendeu um diferencial para as MPEs no tratamento da tributação e concordou que o pequeno empreendedor fatura pouco e, por isso, paga pouco. “Precisamos ter mais empresários ganhando bem para investir e pagar melhores salários”, reforçou.

Odair Souza, Agência Ciesp de Notícias