PIB cresce no 3º trimestre, mas já indica perda de dinamismo - CIESP

PIB cresce no 3º trimestre, mas já indica perda de dinamismo

Agência Indusnet Fiesp

O PIB brasileiro cresceu 0,4% no 3º trimestre em relação ao 2º trimestre de 2022, após expansão de 1,3% e 1,0% no 1º e no 2º trimestre, respectivamente, desconsiderando os efeitos sazonais. O desempenho veio abaixo da expectativa do mercado, que era de alta de 0,6%.

Pela ótica da oferta, o principal destaque foi o setor de serviços, que exibiu aumento de 1,1% sobre o 2º trimestre de 2022, com destaque para a expansão de informação e comunicação (+3,6%). O setor industrial também apresentou crescimento, de 0,8%, resultado da expansão de 1,1% da construção civil, da alta de 0,6% do segmento de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e do crescimento de 0,1% da indústria de transformação. O subsetor de indústria extrativa, por sua vez, caiu 0,1%.

O setor agropecuário exibiu redução de 0,9% na passagem do 2º para o 3º trimestre de 2022, desempenho influenciado pela queda na produção de culturas que têm colheitas relevantes no 3º trimestre, como a cana de açúcar e a mandioca.

Pelo lado da demanda, todos os componentes apresentaram variação positiva. Destaque para a formação bruta de capital fixo (+2,8%). Além disso, o consumo das famílias cresceu 1,0%, influenciado pela melhora no mercado de trabalho e pela ampliação da massa salarial. O consumo do governo avançou 1,3% na passagem trimestral.

Em relação ao setor externo, as exportações de bens e serviços subiram 3,6%, enquanto as importações aumentaram 5,8% em comparação com o trimestre anterior. Os dados são detalhados na Tabela 1.

Tabela 1 – Resultados do PIB

Fonte: elaboração Fiesp a partir de dados do IBGE. Dados dessazonalizados.
Fonte: elaboração Fiesp a partir de dados do IBGE. Dados dessazonalizados.

 

A surpresa positiva1 do PIB em 2022 é explicada, principalmente, pelo bom desempenho do setor de serviços, que foi beneficiado pelo fim das restrições sanitárias e pelas medidas de estímulo à demanda adotadas pelo governo federal. Outros fatores que contribuíram para o bom desempenho da atividade na primeira metade do ano foram a melhoria do mercado de trabalho, com recuperação do nível de emprego e o crescimento significativo da massa salarial. Tais elementos contrabalancearam o impacto negativo do forte aperto monetário2 vivenciado pela economia brasileira.

Desaceleração no 2º semestre

Como já indica o crescimento mais lento da atividade no 3º trimestre, o 2º semestre de 2022 não deverá repetir o mesmo dinamismo da primeira metade do ano, em grande parte devido aos efeitos defasados da política monetária fortemente contracionista. Vale destacar também o esgotamento dos efeitos da reabertura econômica, a perda de fôlego dos estímulos à demanda e a incerteza econômica elevada para o início do próximo ano.

No cenário externo, a elevação significativa das taxas de juros nas economias desenvolvidas e a desaceleração mundial também se colocam como importantes desafios. Este conjunto de fatores tem impactado, inclusive, as expectativas de crescimento para 2023 e para 2024, conforme indica o gráfico 1:

Gráfico 1 – Evolução das Expectativas de Crescimento do PIB em 2022, 2023 e 2024 (%)

Fonte: elaboração Fiesp a partir de dados do Boletim Focus/Banco Central.
Fonte: elaboração Fiesp a partir de dados do Boletim Focus/Banco Central.

 

Diante desta análise, a projeção da Fiesp para o resultado do PIB em 2022 passou de 2,6% para 3,1%, em virtude da revisão abrangente realizada pelo IBGE na divulgação do 3º trimestre, a qual incorporou os novos pesos das Contas Nacionais Anuais de dois anos antes. Com esta mudança, o crescimento do PIB em 2021 passou de 4,6% para 5,0%. Para 2023, no entanto, a previsão da Fiesp é que a economia brasileira apresente crescimento menor, de 0,7%, refletindo o conjunto de fatores supracitado.

1 Em janeiro de 2022, o mercado esperava que o PIB fosse encerrar o ano com crescimento de apenas 0,30%.
2 A meta para a taxa Selic passou de 2,0% em março de 2021 para 13,75% em agosto de 2022, aumento acumulado de 11,75 p.p. no período.