O gás é fundamental para a industrialização, afirma Josué Gomes
- Atualizado emAlex de Souza, Agência Indusnet Fiesp
Digitalização, inovação, integração às novas cadeias globais e preocupação com a sustentabilidade são pressupostos para a nova industrialização, na visão do presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes da Silva. Nesta segunda-feira (17/4), ele abriu o seminário Gás Brasileiro para a Reindustrialização do Brasil, promovido pela Fiesp, em parceria com a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan).
“O Brasil pode oferecer fontes de energia limpa para a indústria de transformação e para os demais setores da economia de maneira altamente competitiva. Obviamente, como energia de transição, o gás pode desempenhar um papel fundamental para a industrialização nacional”, disse Josué durante o evento, que pode ser visto no canal da Fiesp no YouTube.
Três pilares para que a nova industrialização ocorra, de acordo com o presidente da Fiesp, são a aprovação da Reforma Tributária, a redução do custo do capital e a necessidade de infraestrutura competitiva. “Sem isso a indústria de transformação não poderá voltar a crescer e ser a locomotiva do desenvolvimento nacional. E infraestrutura competitiva começa por energia competitiva”, ressaltou, ao explicar porque ampliar o acesso ao gás natural com preços competitivos é estratégico para o Brasil.
Josué vê com otimismo a possibilidade de aprovação da Reforma Tributária: “Está madura e trará inúmeros benefícios, a começar pela eliminação do resíduo tributário cumulativo nas cadeias de produção, calculado em cerca de 9% do preço final de um produto.” E voltou a defender a redução da taxa de juros. “O custo de capital precisa ser compatível com a atividade produtiva. Não podemos praticar as taxas de juros reais que temos, que são absurdas”, afirmou Josué.
Os estados do Rio de Janeiro e São Paulo representam diretamente mais de 40% de toda indústria do Brasil. Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, discutir a questão do gás e da industrialização é vital para o Brasil.
“Estamos perdendo a guerra da competitividade e, se a indústria de transformação brasileira seguir nesse ritmo, em 79 anos seremos completamente exterminados”, alertou Vieira. Para ele, contudo, é perfeitamente possível mudar esse destino, o que passa obrigatoriamente pela questão do gás natural. “A reindustrialização e o retorno da competitividade dependem disso”, avaliou.
O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, lembrou que a indústria produz os melhores empregos, é o setor que mais realiza pesquisa e inovação e todo esforço para recuperar a indústria é válido. “Precisamos atuar nas causas do problema e entender por que perdemos tanta competitividade. Passamos a importar tudo. E o consumidor quer o melhor produto, com o melhor preço”, observou Alckmin.
“O câmbio está competitivo, a Reforma Tributária vai melhorar a questão dos impostos, pois simplificará e ajudará a reduzir o custo do Brasil, que é fundamental para a indústria brasileira. Vai estimular investimento e a exportação, pois vai acabar com a cumulatividade”, disse o ministro, que entende ser a questão energética outro ponto essencial para a indústria.
Já o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse que a empresa está aberta para discutir a produção de gás natural para os mercados brasileiros, no sentido de tornar o gás um produto comercial. Ele apresentou dados sobre o mercado de gás natural no Brasil e falou sobre as possibilidades do setor, que tem mais de 20 novos produtores, além da Petrobras. Prates ressaltou a necessidade de oferecer incentivos e anunciou que “a Petrobras reduzirá o preço do gás em 8,1% para distribuidoras, a partir do dia 1º de maio”, completando uma redução de preço de cerca de 20% desde o início do ano.
Uma das medidas anunciadas foi a criação de um grupo de trabalho integrado por vários Ministérios, além da Petrobras, Agência Nacional de Petróleo (ANP), Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e Fiesp, para encontrar soluções que aumentem a oferta e reduzam preços do gás natural. Alckmin frisou que o Brasil precisa investir em infraestrutura, gasodutos e unidades de tratamento para trazer à terra o gás do pré-sal. Hoje, cerca de metade do gás natural extraído do fundo do mar junto com o petróleo é reinjetado.
Confira o seminário acessando o canal da Fiesp no YouTube.
Josué: acesso ao gás natural com preços competitivos é estratégico para o Brasil. Foto: Ayrton Vignola/Fiesp