Investimentos devem ser foco do governo em 2010 - CIESP

Investimentos devem ser foco do governo em 2010

O Brasil já iniciou a retomada do ciclo de expansão dos investimentos, após a crise financeira que derrubou a formação de capital fixo nacional a partir do último trimestre de 2008. A afirmação foi feita pelo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, nesta quarta-feira (2).


“Fomos bem-sucedidos na reversão da queda da formação de capital. Demos a volta por cima na crise, mas a recuperação ainda não está totalmente consolidada. A retomada dos investimentos está só no primeiro estágio do processo”, disse Coutinho, na abertura do I Seminário de Avaliação da Política de Desenvolvimento Produtivo, na Fiesp.


De acordo com o relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) do último mês de julho, espera-se uma redução de quase 13% dos investimentos fixos no Brasil, o que implica, dada a projeção do Banco Central sobre o PIB, em uma taxa de investimento fixo de 16,5% em 2009. A meta da Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP) era de 19,8%.


Segundo José Ricardo Roriz Coelho, diretor-titular do Departamento de Competitividade e Tecnologia (Decomtec) da Fiesp, a “safra de boas notícias” – pré-sal, Copa 2014 e Olimpíadas 2016 – só poderá dar bons frutos se for montada uma agenda pós-crise.


“A indústria não quer proteção a setores nem subsídios. Só queremos dar isonomia competitiva aos investimentos do setor produtivo”, afirmou o diretor do Decomtec, que faz avaliações semestrais da PDP para monitorar as metas do programa e propor ajustes em sua implementação. Ampliar a desoneração de investimentos e equalizar o custo do capital estão entre as medidas sugeridas pela Fiesp.


A PDP após a crise
Já para 2010, a meta sobre ampliação de investimento fixo é atingir uma taxa de 21%. De acordo com diagnóstico elaborado pelo Decomtec e apresentado no Seminário, se considerada a taxa de crescimento anual média dos investimentos fixos proposta na PDP (11,3%), alcançaríamos em 2010 uma taxa de 17,6% – a mesma obtida em 2007, o que significa 3,4 pontos percentuais abaixo da meta final.

“Não vamos atingir a meta em 2009, por conta da retração que tivemos com a crise, mas em 2010 vamos lutar muito para chegar perto dela”, garantiu o presidente do BNDES. “A taxa de investimento precisa crescer a uma velocidade duas vezes maior que o crescimento do PIB, portanto, quero trabalhar com uma variação de pelo menos 10% no ano”, reforçou.


Sem adiantar possíveis medidas de incentivo por parte do comitê gestor da PDP – que tem em sua Secretaria Executiva, além do BNDES, o Ministério da Fazenda e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) –, Luciano Coutinho defendeu que a compreensão da necessidade de reforçar o ciclo de investimentos deve ser prioridade na economia brasileira.


“Como não queremos voo de galinha, sabemos que este deve ser o foco prioritário da política econômica e da PDP. E essa compreensão nos coloca um grande desafio daqui para frente”, avaliou. “Reforçar os investimentos é a maneira saudável de criar capacidade de oferta acima do crescimento da demanda, de maneira a evitar pressões inflacionárias”, acrescentou Coutinho.


O presidente do BNDES listou outras agendas prioritárias para a PDP:

– Estimular a internacionalização de empresas brasileiras;
– Engajamento persistente das empresas em processos de inovação, para assegurar a competitividade global;
– Garantir o poder de compra governamental como mecanismo indutor de desenvolvimento tecnológico;
– Ampliar acesso ao crédito às micro e pequenas empresas, e efetivar a operacionalização do Fundo Garantidor de Operações (FGO) do BNDES junto ao sistema bancário.

Mariana Ribeiro, Agência Ciesp de Notícias