Falta de água ameaça futuro da produção - CIESP

Falta de água ameaça futuro da produção

A Replan, maior refinaria da Petrobras, localizada em Paulínia, na Região Metropolitana de Campinas, já reduziu à metade suas captações no Rio Jaguari. A Rhodia investiu milhões de reais na sua planta, também em Paulínia, buscando diminuir o volume captado no Atibaia. As práticas adotadas nessas empresas atraíram a atenção dos cerca de 100 participantes no Fórum Sesi/Ciesp de Sustentabilidade, realizado na quinta-feira (12) na sede do Ciesp em Campinas.

“A água é um bem finito. E as empresas têm de melhorar, a cada dia, a gestão dos seus recursos hídricos para não comprometerem o seu futuro”, alertou Eduardo San Martin, diretor do Departamento de Meio Ambiente do Ciesp São Paulo, moderador da primeira mesa-redonda, que discutiu programas de conservação e reúso dos recursos hídricos.

E o sinal amarelo já acendeu na Replan, segundo o consultor técnico da Refinaria, Jorge Antônio Mercanti. “Estudos encomendados mostram que, mesmo considerando o aumento da população e da economia, a gente teria água ainda por mais 15 anos, mas com muitos riscos. Uma seca prolongada, por exemplo, poderia paralisar a produção.”

A Refinaria vem empregando várias tecnologias nos seus processos para reduzir a captação no Jaguari, que já foi de 3.600 metros cúbicos e agora caiu para 1.800 metros cúbicos, outorga atual da planta, segundo o consultor. O reúso da água que é aplicada no resfriamento do petróleo e a troca de calor, no processo de craqueamento, são algumas dessas medidas, acrescentou Mercanti.

No caso da Rhodia, a água tem múltiplas utilidades. Além da aplicação na produção de vapor ou no resfriamento de torres, parte dela é incorporada aos produtos que saem da planta de Paulínia. “Sem água, a Rhodia não produz”, sintetizou o engenheiro Paulo Fernando Schmidt, gerente de Utilidades. E por isso empenha-se com todos os esforços para recuperar cada gota, o que já conseguiu fazer com relação às perdas nos processos de purga do lodo nas ETAs.

“Ainda que esses investimentos tenham aumentado os custos de produção, sabemos que serão revertidos em lucratividade”, ponderou Schmidt. No total, a empresa já deixou de captar em torno de 75 metros cúbicos de água, por hora. “E as benfeitorias vão evitar, no futuro, ampliações da Estação de Tratamento.”

A Rhodia consome 1.600 metros cúbicos por hora, que é a capacidade de produção da planta, e paga ao Comitê do PCJ (Fehidro) cerca de R$ 50 mil por mês pela água captada, consumida e devolvida.

Lições cidadãs
Na segunda mesa-redonda do Fórum, os participantes acompanharam os cases de Sustentabilidade apresentados pelo Instituto Robert Bosch, que apresentou seus projetos nas áreas de saúde, e a Elektro Energia, com dezenas de projetos em educação, inclusão social e segurança.

Concessionária de energia elétrica, criada há 12 anos, a Elektro atua em mais de 200 municípios paulistas, com 2 milhões de clientes. Diferentemente da CPFL ou Eletropaulo, a área de concessão da Elektro é geograficamente descontínua e cobre extensas faixas de preservação ambiental. “Não poderíamos ficar alheios à sustentabilidade. Temos concessão do Governo até 2028. E queremos renovar o contrato”, afirmou o consultor Alcino Vilela.

O item Segurança é outro dos quatro pilares do programa de sustentabilidade da companhia, executado por meio do Instituto Elektro. De acordo com o consultor, a companhia não descuida um só momento e trabalha intensamente para evitar acidentes fatais em sua rede. A empresa ostenta, ainda, o certificado de “Amiga da Criança”, concedido pela Abrinq, e é signatária do Global Compact, das Nações Unidas, e dos Objetivos do Milênio.

Com exposição de vídeo, o gestor de Sustentabilidade Otavio Antoniacci mostrou as ações desenvolvidas pelo Instituto Roberto Bosch, braço social da Bosch do Brasil, com foco na cultura, meio ambiente, educação e especialmente na saúde, com obras importantes como o Hospital Infantil Boldrini, especializado no tratamento do câncer, e o Centro Médico de Campinas, que recebem suporte do Instituto.

O programa Peça por Peça, que apóia projetos de entidades do Terceiro Setor em Campinas, Curitiba e Salvador, dispõe de orçamento atual de R$1,5 milhão. A educação é sua premissa básica. “Nesse programa, o Sesi parceiro fundamental, contribuindo na elaboração do diagnóstico social das comunidades”, afirmou Antoniacci.

Balanço
O Fórum Sesi/Ciesp de Sustentabilidade recebeu presença de educadores e também profissionais do Terceiro Setor em Campinas além de executivos das áreas de RS nas empresas, associadas e não associadas a o Ciesp. “O Sesi oferece ampla gama de serviços, muitos deles desconhecidos das empresas. Este encontro permite a interação da Indústria com os programas sociais do Sesi, que é um precursor da responsabilidade social no País”, assinalou José Nunes Filho, 1º vice-diretor do Ciesp Campinas, na cerimônia de abertura do evento.

“Há uma grande sinergia entre as entidades Sesi e Ciesp, que possuem ampla capilaridade no Estado”, assinalou Vitor Seravalli, diretor do Departamento de Responsabilidade Social do Ciesp São Paulo, moderador da segunda mesa-redonda.

De caráter itinerante o Fórum Sesi/Ciesp terá ainda mais três edições este ano: em Santa Bárbara do Oeste, Rio Claro e São Carlos, adianta Seravalli, que chamou a atenção ainda para a 4ª Mostra Fiesp/Ciesp de Responsabilidade Social, que se realiza nos dias 24, 25 e 26 de agosto próximo, na sede da Entidade, na Avenida Paulista.

Nesta nona edição, o evento teve apoio de dois departamentos do Ciesp Campinas — de Responsabilidade Social, criado nessa Regional no final do ano passado e sob a coordenação do diretor Luiz Fernando de Araújo Bueno, e o de Meio Ambiente, comandado pelo diretor adjunto Ricardo Ribeiro. “Esse evento veio ao encontro de nossas necessidades e também das expectativas de nossos associados, que aqui vieram em bom número”, assinalou Ribeiro.

Rubens Toledo, Agência Ciesp de Notícias