Energia do futuro passa pela construção de matriz limpa
- Atualizado emO etanol é um dos mais importantes caminhos para a energia do futuro porque, ao contrário do petróleo, é uma fonte renovável, disse o presidente do Conselho Superior de Meio Ambiente (Cosema)da Fiesp, Walter Lazzarini, nesta segunda-feira (9),ao abrir o painel “Etanol como Instrumento para a Economia de Baixo Carbono” no 11º Encontro Internacional de Energia Fiesp/Ciesp, em São Paulo.
Entre as vantagens do biocombustível brasileiro, Lazarrini destacou ainda que o seu cultivo não concorre com a produção de alimentos,ao contrário do que se pensa. E embora se tenha estatísticas sobre quantos morrem devido à poluição em São Paulo, ainda não se quantificou os benefícios da redução de emissão de carbono na atmosfera, a partir do uso do etanol de cana de açúcar como combustível.
Luiz Fernando Amaral, assessor de Meio Ambiente da União da Indústria de Cana de Açúcar (Unica), explicou como a cana, que hoje responde por 18% da matriz energética brasileira, reduz a emissão de carbono quando comparada aos combustíveis fósseis.
Em sua avaliação, o ciclo de vida etanol – que vai desde o cultivo de cana até a queima do combustível –hoje evita 10% das emissões na atmosfera no Brasil, e o potencial de redução tende a crescer com o aumento do uso da tecnologia.
Isaías de Macedo, pesquisador do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (Nipe) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), fez uma série de estudos para avaliar os efeitos do etanol na economia de baixo carbono até 2020.
Segundo ele, há várias metodologias para medir esse impacto, o que faz com que as estimativas variem muito. Amaral avalia que o uso de etanol deve evitar a emissão de 92 milhões de toneladas de carbono no período de 2006 a 2020. Isso representa uma redução de 0,1% em 2006 e de 0,25% em 2020, em termos globais.
André Nassar, diretor geral do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone), acrescentou que há vários cenários e metodologias possíveis parase mediros efeitos do etanol de cana nas emissões atmosféricas e as projeções vão de 9,4 milhões a 64,8 milhões de toneladas de CO² até 2020.
Ele ressaltou que enquanto algunstomam como base de cálculo o total de emissõespelo usodesse combustívelalternativoem comparação com os fósseis, há outros que levam em conta a margem, ou seja, apenas a diferença que a aplicação do etanol deveimpactar nas emissões entre 2006 e 2020.
Já a especialista sênior em mudanças climáticas do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Gloria Visconti, afirmou quea instituiçãocriou há dois anos uma unidade de mudanças climáticas e energia sustentável, diante da necessidade de analisar projetos na área.
Uma de suas principais contribuições é a elaboração de um scorecard de sustentabilidade, um conjunto de indicadores sociais e ambientais, lançado em 2008 e usado pela primeira vez em 2009.
“Tínhamos necessidade de uma ferramenta para analisar projetos nessa área, pois a discussão de sutentabilidade ainda está em seus estágios iniciais”, explicouGloria, admitindo que o scorecard ainda precisa ser aperfeiçoado.
Ela acrescentou que o Bid também busca implementar padrões e certificações para os biocombustíveis efortalecer a coordenação de políticas públicas de sustentabilidade. Além disso, atualmente, analisa o impacto das regulamentações da União Europeia e dos Estados Unidos no mercado global.
Silvia Kochen, para Agência Indusnet Fiesp