Em evento do Dia da Indústria, dados revelam queda nos investimentos do setor - CIESP

Em evento do Dia da Indústria, dados revelam queda nos investimentos do setor

Adriana Matiuzo, Agência Indusnet Fiesp

Pesquisa inédita Fiesp/Ciesp com 500 indústrias mostrou que os investimentos no setor devem cair em 2023 em relação ao ano passado e que a dependência de financiamentos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico) deverá aumentar.

Os dados foram apresentados pelo presidente do Ciesp, Rafael Cervone, em 25 de maio, durante painel que fez parte das atividades em celebração ao Dia da Indústria em São Paulo. O evento contou com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de sua equipe, além de técnicos, lideranças do mercado e diretores das 42 regionais do Ciesp, entidade que representa oito mil indústrias. O evento foi encabeçado em conjunto por Ciesp/Fiesp/BNDES/Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri).

De acordo com o estudo, no ano passado, os investimentos representaram em média 5,2% do faturamento de cada indústria, mas, neste ano, o percentual deve cair para 4,5%. O presidente do Ciesp explicou que, já no ano passado, os investimentos ficaram abaixo da média registrada desde 2008, que era de 6,6%. De acordo com ele, ainda, os investimentos em equipamentos, máquinas e instalações devem ser os mais afetados, caindo de 3,8%, em 2022, para 3% este ano.

Por outro lado, deve crescer a dependência de financiamentos públicos. As empresas ouvidas também declararam que o percentual de investimento com origem em financiamentos subirá de 4,5% para 9,7% em relação ao faturamento.

“Acreditamos que a reindustrialização é essencial e urgente para superarmos os desafios e alcançarmos o futuro próspero para o nosso país. Esperamos claramente do governo uma política de estado, de longo prazo, com o olhar nos legítimos interesses da sociedade e do país”, disse Cervone durante a cerimônia de abertura do evento. Ele enfatizou que até os anos 1980 a indústria representava 20% do Produto Interno Bruto, mas que hoje este percentual chega a 11,3%.

Foto: Ayrton Vignola/Fiesp
Foto: Ayrton Vignola/Fiesp

‘Plano Safra’ da Indústria

O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, sinalizou positivamente às demandas da indústria durante o evento. Ele lembrou que o setor é importante para o país na criação de empregos, na geração de valor agregado, além de trazer pesquisa e inovação. Mercadante anunciou recursos da ordem de R$ 20 bilhões nos próximos quatro anos para que as indústrias possam financiar seus projetos de inovação com juros de 1,7% ao ano.

O presidente do banco ainda defendeu subsídios para o setor e disse que isso tem sido uma realidade em países como os EUA e a China, que mantêm um foco na competitividade industrial.

“Nós precisamos de um plano safra para a indústria. Não me venha falar de plano ‘safrinha’, precisamos de um plano safra para valer. Quando é transparente, quando é bem aplicado, quando é direcionado para setor estratégico, o subsídio é indispensável em momentos como nessa saída da pandemia e na mudança geopolítica que estamos enfrentando, com a competitividade da Ásia e com as oportunidades que saem do Brasil. O Brasil pode ser uma grande plataforma de atração de investimento”, disse o presidente do BNDES.

O Plano Safra é renovado anualmente e destinado ao setor do agronegócio. No período 2023-2024, por exemplo, será preciso disponibilizar R$ 400 bilhões para custeio e investimentos da produção agropecuária.

Reforma Tributária

Outro tema discutido em painéis do evento foi o da Reforma Tributária. De acordo com Bernard Appy, secretário extraordinário da Reforma Tributária do Ministério da Fazenda, embora não tenha sido divulgada ainda a proposta que está hoje em discussão no Congresso Nacional,  deverá sugerir regras mais homogêneas e simples, imposto sobre valor agregado, tributação no destino e a adoção de um ‘padrão internacional’.

Além do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, participaram do evento o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, a ministra de Gestão e Inovação, Esther Dweck, e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.