Dia Mundial do Meio Ambiente: evento comemorativo destaca estratégia climática e descarbonização
- Atualizado emIsabel Cleary, Agência Indusnet Fiesp
A gravidade dos eventos climáticos extremos, que ocorrem cada vez com mais frequência e intensidade em todo o planeta, impõe a atuação rápida e conjunta de todos os setores da sociedade no fomento às ações de adaptação e mitigação.
Pela emergência do tema, a Fiesp recebeu, nesta sexta-feira (2/6), autoridades e especialistas em meio ambiente que debateram estratégias governamentais, não governamentais e setoriais para o planejamento e estabelecimento de ações prioritárias a serem adotadas rumo à economia verde. O encontro on-line, transmitido pelo Youtube da Fiesp, antecipou o Dia Mundial do Meio Ambiente, a ser comemorado oficialmente em 5 de junho.
Na abertura, Fabio Barbosa, presidente do Conselho Superior de Desenvolvimento Sustentável (Condes) da Fiesp e CEO da Natura&CO, destacou a relevância do evento, no contexto mundial, quando se reforça a importância de matrizes energéticas limpas e da descarbonização. “Eu acho que estamos na direção certa, mas o ritmo não. Acredito que para alcançarmos os objetivos estabelecidos pelo país é necessária uma parceria do setor privado, do setor governamental e das ONGs. O Brasil tem toda a condição de ser uma potência ambiental”, disse Barbosa.
Nelson Pereira dos Reis, vice-presidente da Fiesp e diretor titular do Departamento de Desenvolvimento Sustentável (DDS) da Fiesp e do Ciesp, igualmente acredita que é essencial discutir a transição para a economia de baixo carbono não apenas pelos reflexos que essa transição representa para o setor industrial, mas principalmente pelas questões relacionadas à garantia de nossa segurança energética, hídrica, alimentar e social, com ênfase na proteção das populações vulneráveis e comunidades tradicionais”, afirmou.
A Fiesp participa ativamente de conferência globais sobre mudança climática e biodiversidade, além de realizar debates sobre aumento da resiliência hídrica, melhoria da qualidade do ar, mobilidade urbana, extinção dos lixões e fomento à logística reversa e reciclagem.

Para a moderadora da mesa-redonda do evento, Patricia Ellen, partner LATAM da Systemiq, cofundadora da AYA Earth Partners e ex-secretária de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo, hoje o Brasil é a única grande nação que tem chance e oportunidade de se tornar carbono neutro até 2030. Assim, o país poderá mostrar que é possível também gerar valor para os negócios, para as pessoas e a natureza. “Temos uma matriz que conta a nosso favor, e, na indústria, o grande desafio de criar programas de incentivo e investimento para que a descarbonizarão aconteça. É um investimento a curto prazo para que o retorno venha no médio e longo prazo. Por isso, o papel da Fiesp aqui é tão importante nesse processo”, destacou.
Estado e município
Natália Resende, secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo, pontuou as ações do atual governo para a sustentabilidade. De acordo com ela, está em pauta um plano de implementação a fim de concretizar os seis eixos estabelecidos: transporte, energia, floresta e uso do solo, resíduos, indústria e finanças verdes. “Nós temos várias ações e estamos desenvolvendo de forma integrada e no prazo mais responsável e célere possível. Temos metas arrojadas e vamos persegui-las em conjunto com a iniciativa privada e órgãos públicos e fóruns como este”, explicou.
Segundo Rezende, o objetivo é o tripé econômico, ambiental e social da sustentabilidade e, nesta reestruturação, enfatizar o mercado de carbono e entender como inseri-lo em outros projetos, inclusive no viés da biodiversidade, para estimular a preservação e verificação das espécies ameaçadas. Ela ainda tratou de programas governamentais de conservação da fauna e flora.
Outro ponto destacado pela secretária foi o trabalho desenvolvido quanto à educação e conscientização ambiental: “Uma parceira neste trabalho é a Fundação Florestal, por exemplo. Além do nosso plano de energia, temos uma matriz limpa, mas podemos melhorá-la em conjunto com outras iniciativas, como as voltadas aos resíduos sólidos. É importante olharmos essas políticas de forma integrada”, explanou.
No âmbito municipal, Fernando Pinheiro, secretário executivo de Mudanças Climáticas do Município de São Paulo, afirmou ser preciso pensar nos aspectos estruturais. “A infraestrutura é a base para que a gente comece, efetivamente, a montar um sistema de resiliência e de adaptação, que são as duas maiores diretivas que temos no município de São Paulo”.
De acordo com Pinheiro, o município desenvolveu um Plano Clima, finalizado em 18 meses com o apoio de mais de 200 técnicos e contando com cinco diretrizes estratégicas: a cidade de hoje para amanhã; redução das emissões até 2050; proteção da Mata Atlântica; proteção de pessoas e bens; e geração de emprego e renda. Estas diretrizes contêm 43 tarefas com 60 objetivos. Além disso, ônibus elétricos foram incluídos na frota de transporte municipal, adquiridos da indústria brasileira, atendendo os requisitos do Plano.
Joaquim Levy, ex-ministro da Fazenda e diretor de Estratégia Econômica e Relações com Mercados do Banco Safra, elogiou a implementação dessa frota, fabricada em território nacional, e reforçou que ações como esta integrem a reindustrialização do país. Levy também pontuou a importância de se ter um plano estratégico para o hidrogênio: “Precisamos entender se vamos querer o hidrogênio como mera exportação ou, por exemplo, usar para renovar o parque siderúrgico”.
A mesa-redonda foi encerrada por Izabella Teixeira, ex-ministra de Meio Ambiente e co-presidente do International Resource Panel – ONU. “Nós temos que ir além do que se faz hoje junto ao setor público e sociedade civil. “Essa agenda só vai andar com a velocidade que nós desejarmos, se nos engajarmos e assumirmos papeis mais relevantes e mais proativos do que reativos”, finalizou.
Assista ao evento completo aqui.
