Cubatão debate futuro da água e gestão social - CIESP

Cubatão debate futuro da água e gestão social

Criado com o objetivo de gerar ideias, propostas e soluções que agreguem valor à sustentabilidade dos negócios, o Fórum Sesi/Ciesp – Sustentabilidade teve sua sétima edição realizada na cidade que é exemplo de aproveitamento de soluções sustentáveis e controle ambiental. Há 15 anos, Cubatão não registra índice de estado critico de poluição do ar. “Cubatão mostrou que é possível”, sintetizou Eduardo San Martin, diretor de Meio Ambiente do Ciesp, na quinta-feira (17), durante abertura do evento no auditório da Diretoria Regional da entidade no município.

O fórum teve dois painéis. O primeiro, conduzido por Eduardo San Martin, abordou os programas de conservação e reuso de água na indústria e a disponibilidade de água para o setor e a utilização do recurso hídrico do estuário.

No segundo painel, mediado pelo diretor de Responsabilidade Social do Ciesp, Vitor Seravalli, as empresas Usiminas e Fosfertil apresentaram suas ações voltadas às comunidades locais.

Demanda saturada
Mesmo com o salto qualitativo, a região continua buscando práticas sustentáveis. Um dos desafios atuais é conscientizar empresas e população sobre a baixa capacidade dos rios Pilões e Cubatão de fornecer água ao município e às cidades de Santos e São Vicente. “A demanda do rio Cubatão hoje é de 7m³ para uma vazão de 2m³. É crítico”, considerou Anicia Pio, gerente de meio ambiente do Ciesp.

A limitação dos rios e o alto custo do tratamento de água salobra devem exigir das empresas a intensificação de seus programas de preservação e uso da água. Uma observação feita por Anícia deve preocupar ainda mais os empresários e população local: “O fato de o rio Cubatão operar com demanda cinco vezes maior que a sua capacidade natural de fornecimento é motivo de reação por parte dos comitês de bacia no Estado. Os comitês já consideram tratar a bacia do rio como crítica. Caso isso aconteça, ninguém vai conseguir outorga para ampliar ou construir novas fábricas”, alertou.

O diretor de meio ambiente do Ciesp, Eduardo San Martin, chamou a atenção para a forma e a consciência com que as empresas utilizam a água no processo de produção. “Antes que o problema se torne irreversível e afete a atividade industrial, as indústrias da região precisam direcionar suas ações, agora, para a quantidade de água que utilizam. A mesma água tem condições de ser aproveitada em um processo menor”, explica o diretor lembrando que o reuso na indústria atende princípios das Organizações das Nações Unidas. “É também questão de sobrevivência das empresas”, salientou.

A possibilidade de captação de águas do estuário como alternativa foi abordada por Percy Soares Neto, coordenador da Rede de Recursos Hídricos da CNI. Segundo ele, o uso pela indústria esbarra no alto custo da dessalinização do recurso. “Mesmo assim, não iria garantir à água a qualidade necessária para seu aproveitamento industrial”, colocou.

Outro fator que dificulta a captação da água costeira, na opinião de Soares Neto, é a falta de regras claras quanto à outorga nessas áreas. “Qualquer empreendedor que solicitar outorga na área costeira vai ter dificuldade para conseguir, porque não há regra definida sobre qual órgão deve fazer a liberação”, observou. De acordo com o representante da CNI, o sistema indústria defende a implementação integral da Política Nacional de Recursos Hídricos, o alinhamento de posição e maior participação do setor produtivo no Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos – Singreh.

Responsabilidade social
Se Cubatão é referencia em controle ambiental, as ações sociais das empresas também são disseminadas no pólo industrial. Na segunda mesa redonda do dia, o Fórum Sesi/Ciesp – Sustentabilidade recebeu as empresas Usiminas e Fosfertil, que apresentarem suas trajetórias de sucesso e mostraram como saíram do assistencialismo para a prática da sustentabilidade, com investimentos em educação, cultura, esporte, moradia e na preservação do meio ambiente.

O assessor de Sustentabilidade da Usiminas, André Chaves de Andrade, relatou o compromisso da empresa com as comunidades onde está presente. A companhia mantém em cada região uma série de projetos que contribuem para a melhoria da qualidade de vida, preservação do meio ambiente e inclusão social.

Na Baixada Santista, a empresa conta com duas iniciativas sociais, o Usiminas na Escola e o Projeto Mantiqueira, além de programas culturais e esportivos patrocinados por meio das leis federais e estaduais de incentivo.

O analista de Comunicação da Fosfertil, José Ciaglia Júnior, relatou as estratégias da companhia para modificar o quadro de baixa qualificação profissional da comunidade na qual está inserida. O objetivo, diz Ciaglia, “é ajudar na formação de pessoas que no futuro podem fazer parte do quadro de funcionários da empresa”.

Outra ação bem sucedida pela Fosfertil foi o trabalho de colaboração com a Associação de Promoção e Assistência Social Estrela do Mar, que orienta cerca de 200 famílias que residiam no Jardim São Marcos (antigo núcleo habitacional que existia na zona industrial do município) em seu processo de adaptação para a vida emum novo conjunto residencial, no Jardim Real.

O Fórum Sesi/Ciesp – Sustentabilidade integra série de 12 seminários que percorrerão diversas regiões do estado de São Paulo. Vitor Seravalli explicou ao público presente que a proposta do programa tem dado resultado, mas que a visão do empresário a respeito da responsabilidade social ainda está focada em doações. “Nosso objetivo é modificar essa postura, sair do assistencialismo para um perfil que tenha conexão com o negócio da empresa”, sublinhou.

Veja as palestras:
http://www.ciesp.org.br/down/respsoc/cubatao/2010jun17-ProgramaFertilizar-ForumSESICIESP.pdf
http://www.ciesp.org.br/down/respsoc/cubatao/ANICIA_cubatao_2010.pdf
http://www.ciesp.org.br/down/respsoc/cubatao/351Chaves.pdf
http://www.ciesp.org.br/down/respsoc/cubatao/343PauloPercySoaresNetp_CNI.pdf

Odair Souza, Agência Ciesp de Notícias