Com infra-estrutura e localização estratégicas, Espanha pode abrir mercado à indústria brasileira
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Agência de promoção de investimentos de Madri auxilia pequenas e médias empresas a abrirem negócios na capital espanhola
Representantes do governo espanhol e da agência de promoção de investimentos PromoMadrid colocaram o país, e em especial a capital Madri, como plataforma de acesso privilegiado dos produtos brasileiros para os mercados europeu, latino-americano, africano e asiático.
“Temos um ambiente favorável para os negócios, infra-estrutura de primeiro nível, investimentos em inovação, mercado doméstico dinâmico e forte vontade política para melhorar a atração de investimentos”, disse a conselheira do Escritório Comercial do Reino da Espanha em São Paulo, Inéz Menéndez de Luarca, em encontro com empresários nesta quarta-feira (8) na Fiesp/Ciesp.
Embora o fluxo comercial entre os países seja crescente, o volume negociado ainda é baixo. A corrente de comércio Brasil-Espanha superou a cifra de US$ 5,3 bilhões em 2007, com exportações brasileiras no valor de US$ 3,5 bilhões e importações de US$ 1,8 bilhão, o que indica crescimento de 40% e 16%, respectivamente, em relação ao ano anterior.
No mesmo período, o Brasil foi o 21º país-origem das importações espanholas, que se baseiam em produtos básicos, como grãos, café, madeira e carvão vegetal. “Há uma crescente demanda de produtos brasileiros, que já representam mais de 1% do total de importações espanholas”, frisou Inéz.
Já o Brasil foi o 26º destino dos produtos espanhóis, principalmente peças aeronáuticas, reatores nucleares, caldeiras e veículos automotores, e o segundo na América Latina.
Investimentos
A Espanha figura entre os quatro maiores investidores diretos no Brasil, com fatia de 6%, com destaque para os setores de energia e telecomunicações. O estoque de investimentos está em US$ 24 bilhões acumulados desde 1993.
Pelo lado inverso, os investimentos brasileiros também estão crescendo, e ficaram próximos de US$ 9 bilhões no ano passado. As duas principais operações foram a compra de 80% da espanhola Sidenor pela Gerdau e o Santander, em 2005; e a fusão entre Santista Têxtil e Tavex, em 2006.
Para elevar as cifras, a capital espanhola conta com uma agência de atração de investimentos que auxilia empresas estrangeiras a estabelecerem seus negócios em Madri. Os setores considerados estratégicos são biotecnologia e farmácia, aeroespacial, tecnologias da informação, logística e energias renováveis.
“O foco da PromoMadrid é a pequena e média empresa, que precisa dos nossos serviços. Todas as empresas, de qualquer país, têm exatamente o mesmo tipo de tratamento na Espanha”, disse Genaro González, CEO da agência que assessora as empresas, sem custo, em todo o processo de tomada de decisão e implantação do projeto.
Infra-estrutura estratégica
O país ibérico, além da liderança do setor logístico na Europa, possui localização estratégica. “Madri funciona como centro de distribuição para o sul do continente europeu, situada entre as rotas Europa-África e Europa-Ásia na península ibérica, e possibilita acesso a 950 milhões de potenciais consumidores”, ressaltou Marcos Castellanos, técnico dos Centros de Distribuição e Logística da PromoMadrid.
A capital dispõe de uma eficiente rede de comunicações terrestres, e planeja investir 2,2 bilhões de euros em rodovias até 2011. Além disso, o porto seco no Centro Logístico de Coslada, por meio de conexões ferroviárias, liga a cidade com os cinco principais portos da península ibérica, responsáveis por 90% da carga marítima. O governo vai investir 23,4 bilhões de euros nos portos até 2020 para absorver a crescente demanda de tráfego marítimo.
A mão-de-obra com elevada capacitação profissional foi um dos aspectos positivos citados por Nelson Tambelini Junior, diretor corporativo de recursos humanos da Tavex. Em Madri, 40% da população ativa têm estudo universitário.
A burocracia simplificada, o baixo custo de encargos sociais sobre a folha de pagamento para níveis de gestão e as trocas de know-how tecnológico foram outros pontos positivos citados pelo executivo da Tavex – companhia do ramo têxtil que é fruto da fusão entre a empresa espanhola de mesmo nome e a paulista Santista Têxtil, que decidiu ampliar seus negócios em Madri e hoje vende para mais de 50 países.
Mariana Ribeiro
Agência Ciesp de Notícias
08/10/2008