Burocracia e juros altos prejudicam desenvolvimento da indústria da construção - CIESP

Burocracia e juros altos prejudicam desenvolvimento da indústria da construção

Alex de Souza, Agência Indusnet Fiesp

O presidente do Conselho Superior da Indústria da Construção (Consic) da Fiesp, Rubens Menin, afirmou, nesta terça-feira (22/11), ser necessário trabalhar em prol da melhoria do ambiente de negócio da indústria, especialmente a da construção. “Não podemos ter um país desenvolvido sem uma indústria forte. E alguns pontos são extremamente relevantes e demandam nossa atenção, especialmente neste momento”, afirmou. “O primeiro deles se relaciona à burocracia do Brasil, que sem dúvida nenhuma é um dos maiores empecilhos que temos para o desenvolvimento do setor da construção”.

Outro ponto abordado pelo presidente do Consic, durante reunião com conselheiros, foi o custo do capital. A taxa de juros reais elevadíssima atrapalha de modo significativo a cadeia produtiva e diminui a margem para crescimento. “Não conseguimos pagar esse custo e a nossa indústria [da construção] sofre muito mais com os juros altos”, disse Menin.

A fim de avaliar o potencial ganho com o fim da burocracia na construção, a Fiesp encomendou um estudo que está sendo elaborado pela Deloitte Brasil. “A mensuração do custo da burocracia é importante para entender seus impactos sobre a atividade”, explicou o economista-chefe da empresa, Giovanni Banchetti Cordeiro, que está coordenando uma série de entrevistas com o objetivo de identificar os principais desafios burocráticos em projetos de construção.

Mapear os fatores burocráticos que impactam o tempo de execução de projetos, bem como seus ciclos de execução, vai proporcionar insumos para o governo e para o setor público em geral. “Assim será possível repensar ou trazer para o debate a questão da Reforma Administrativa, que sem dúvida é um dos objetivos do relatório final, o qual pretendemos terminar no primeiro trimestre”, previu Cordeiro.

Sobre o financiamento do setor, o Consic ouviu o diretor da área de renda fixa do Itaú BBA, Thiago Munhoz. Segundo ele, o mercado doméstico é capaz de absorver volumes consideráveis de recursos com diversos produtos de renda fixa. “Hoje temos vários instrumentos incentivados, como os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e as debêntures incentivadas, que podem ser usados com lastro direto do emissor”, explicou. Aspectos como o projeto e o nível de governança, por exemplo, determinarão o melhor instrumento para financiar a empresa.

Atualmente, de acordo com Munhoz, o mercado de capitais tem basicamente quatro tipos de clientes com perfis bastante diferentes: os balanços bancários, as assets, fundações e os private banks, com pessoas físicas. Apesar dos impactos da pandemia, o mercado de renda fixa voltou a crescer. No Itaú BBA, saiu de R$ 10 bilhões de volume total distribuído em 2020 para mais de R$ 32 bilhões neste ano.

Munhoz arrematou sua exposição dizendo que o mercado de títulos isentos para pessoas físicas, como é o de incentivados, oferece condições atrativas de captação aos emissores que conseguem acessá-lo. “A entrada no mercado de capitais é um processo. Não é um bicho de sete cabeças e todos os principais bancos do Brasil tem equipes especializadas para ajudar empresas que desejam buscar essa forma de financiamento”.

Estudo encomendado pela Fiesp vai mensurar impactos da burocracia na indústria da construção
Estudo encomendado pela Fiesp vai mensurar impactos da burocracia na indústria da construção. Foto: Karim KahnFiesp